CAETÉ É CANDIDATA A SEDIAR EM 2020 AS CELEBRAÇÕES DOS 300 ANOS DE ELEVAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS.


E A FESTA JÁ COMEÇOU NA CIDADE MINEIRA COM AS COMEMORAÇÕES DOS 310 ANOS DO FIM DO EPISÓDIO DOS EMBOABAS. 

Caeté se candidatou, junto ao governo de Minas, para sediar as festividades.

foto: Humberto Barbosa/Prefeitura de Caeté/Divulgação

A iniciativa, da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Patrimônio se deve ao fato do município estar resgatando sua história na atual gestão. 

Em 2019, foi decretado ano temático dos Emboabas em Caeté, uma vez que a data marca 310 anos do fim da Guerra dos Emboabas, episódio crucial para a formação do Estado de Minas Gerais como conhecemos hoje. Em Caeté, aconteceu a primeira eleição direta das Américas, quando em 1707, Manuel Nunes Viana foi eleito governador à revelia da Coroa Portuguesa. 

Além dos fatos históricos marcantes, Caeté também tem planos arrojados para fortalecer e disseminar ainda mais sua rica história: o Museu dos Emboabas, que será construído no Centro Histórico, foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e já possui um recurso de 300 mil reais para a execução do projeto arquitetônico do espaço. Em setembro, será aberta a licitação para a escolha da empresa que cuidará desta tarefa. Este museu faz parte de uma estratégia importante no circuito histórico e cultural planejado pela atual secretaria de Turismo, Cultura e Patrimônio, que tem como objetivo traçar um trajeto histórico desde a Serra da Piedade até o distrito de Morro Vermelho. 

“Depois de 305 anos e uma importância ímpar para Minas e Brasil, Caeté volta a ter ganas de ser protagonista em nosso estado. Por muitos anos, fomos uma cidade que perdeu a percepção da relevância que tem, devido à inoperância do poder público nas políticas de preservação e disseminação da nossa história. Esperamos, com essas e várias outras medidas que estão sendo tomadas pela atual gestão, que Caeté volte a ser uma cidade que encha seus cidadãos de orgulho", disse o prefeito Lucas Coelho


NOTICIA FOI DESTAQUE NA IMPRENSA 

Minas dá a largada para celebrar seus 300 anos 

Instituto Histórico cria comissão para preparar a programação do tricentenário da elevação do território que hoje forma o estado a capitania isolada. Caeté abre disputa para sediar a festa 

Um passo importante para a celebração dos 300 anos de Minas Gerais, que nasceu com a elevação destas terras centrais a Capitania de Minas em 1720, foi dado na capital. O novo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), Luiz Carlos Abritta, instituiu a comissão especial que vai cuidar da programação durante o próximo ano, estando previstos seminários, exposições, mesas-redondas, painéis e outras atividades para envolver a comunidade. 

Durante a cerimônia dos 112 anos do IHGMG, na quinta-feira, com posse da nova diretoria da instituição, Abritta delegou a presidência da comissão dos 300 anos à professora e geógrafa Márcia Maria Duarte dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A subcoordenação ficou a cargo do também integrante do instituto Adalberto Andrade Mateus, técnico do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). “Com a separação da Capitania de São Paulo, que vigorava desde o fim da Guerra dos Emboabas (1707-1709), teve início a organização territorial, administrativa, política e sociocultural de Minas”, afirma Mateus. 

Em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a festa já começou. Em plenas comemorações dos 310 anos do fim do episódio dos Emboabas, que começou ali, a cidade se candidatou, junto ao governo de Minas, para ser a sede dos três séculos de história do estado. “Em Caeté, houve a primeira eleição para governador das Américas”, ressalta o secretário municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio, Fúlvio Brandão, sobre a escolha, em 1707, de um emboaba para governador, o português Manuel Nunes Viana, à revelia da Coroa portuguesa. 

Antiga Vila Nova da Rainha, Caeté tem planos arrojados, sendo o mais importante a construção do Museu dos Emboabas, no Centro Histórico, perto da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, datada de 1757 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. Brandão explicou que a prefeitura já tem garantida a aprovação pela Lei Rouanet e dispõe do valor de R$ 300 mil para elaboração do projeto arquitetônico. No próximo mês, será lançado o edital para licitação e escolha da empresa que vai construir o museu, espaço para guardar objetos, documentos e memória do episódio que transformou Caeté na “terra dos emboabas”. 

HISTÓRIAS 

A Guerra dos Emboabas levou, em 1709, à criação, pela Coroa portuguesa, da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, onde, após a Sedição de Vila Rica, nasceu a Capitania de Minas. Lendas e fatos históricos povoam a história de Filipe dos Santos e em seu livro Ouro Preto – um novo olhar, o professor do Instituto Federal de Minas Gerais Alex Bohrer explica os acontecimentos. “Em 1720, o governo português propôs a instalação de casas de fundição em Minas. Isso gerou descontentamento geral entre os mineradores. Logo começaram manifestações pelos arraiais da região. O ponto alto da revolta aconteceu na Praça da Matriz de Cachoeira do Campo, onde Filipe dos Santos, um dos líderes sediciosos, apregoava forte discurso contra o governo português. No adro da igreja foi preso e levado para Vila Rica, onde foi enforcado e esquartejado na presença do governador, o conde de Assumar.” 

O autor explica que “ao contrário do que diz a história oficial, a tradição local conta que Filipe foi arrastado por cavalos pela Ladeira (atual Rua Padre Afonso de Lemos), onde foi esquartejado sem julgamento prévio. De qualquer forma, a praça principal de Cachoeira hoje leva o nome de Filipe dos Santos”. 

E mais: “O Conde de Assumar, após esse episódio, sugeriu ao rei de Portugal a separação das Minas de São Paulo (que até então formavam uma só capitania). Era o nascimento de Minas Gerais. Assumar ainda propôs que se construíssem em Cachoeira um quartel e um palácio para os governadores de Minas, tendo em vista o ponto estratégico que o local era por excelência, aqui convergindo os principais caminhos da capitania, lugar ideal, como argumentou, para uma capital. O quartel seria construído já em 1720 e reconstruído em 1779, quando se tornaria célebre. Porém, achou-se melhor conservar Vila Rica como capital oficial, enquanto Cachoeira possuiria um palácio de campo para os governadores, onde, longe da turbulência de Vila Rica, seria mais seguro residir. As ruínas deste luxuoso palácio de campo continuam como testemunhas mudas de um dos movimentos históricos que mais despertaram interesse dos pesquisadores: a Inconfidência Mineira.” 

A história dos emboabas começa bem antes. No início do século 18, os paulistas, descobridores das minas, estavam estabelecidos nos arraiais que iam de Caeté a São João del-Rei. Atraídos pelas riquezas, os emboabas, grupo formado por portugueses, baianos e pernambucanos, chegaram em massa, invadindo a área e revoltando os pioneiros. A disputa pelo ouro e pelo poder – a guerra foi, acima de tudo, uma disputa política, em torno dos principais cargos e postos da administração – levou a conflitos armados e à escolha, em 1707, de um emboaba para governador, o português Manuel Nunes Viana, à revelia da Coroa portuguesa.


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